Tendências de recrutamento de TI: transformar desafios em oportunidades num mercado em evolução

2 Dezembro, 2024

O setor de Tecnologias de Informação (TI) está no centro da transformação digital, onde a inovação tecnológica redefine processos empresariais e eleva as expectativas em relação ao talento. Com a procura por especialistas de TI em constante crescimento, as empresas enfrentam um desafio duplo: responder à escassez de competências e, ao mesmo tempo, atrair profissionais alinhados com um ambiente de trabalho em constante evolução.

Uma das tendências mais marcantes no setor de TI é o impacto crescente da automação e da Inteligência Artificial (IA) no recrutamento. Ferramentas baseadas em IA estão a tornar o processo mais eficiente, permitindo identificar candidatos com maior precisão e reduzir o tempo necessário para preencher posições críticas. Contudo, o sucesso do recrutamento no setor de TI não depende apenas da eficiência tecnológica. Integrar o toque humano continua a ser essencial para construir relações de longo prazo, entender os drives motivacionais de cada pessoa e garantir uma adaptação entre valores e cultura, no binómio colaboradores e empresas.

Apesar de a procura por talento em TI permanecer elevada, há uma discrepância notável entre as competências disponíveis no mercado e as necessidades das empresas. Áreas como a cibersegurança, cloud computing e engenharia de software estão entre as mais procuradas, mas também entre as mais desafiantes para recrutar. Funções como Cloud Architect Engineer e Cybersecurity Engineer, que lideram os rankings salariais no setor de TI, refletem a sua relevância estratégica e a complexidade associada. Estas posições destacam também a escassez de talento, que continua a desafiar as empresas em todo o país. Por outro lado, funções mais generalistas, como Técnico de Suporte de Redes, apresentam salários consideravelmente mais baixos, espelhando também níveis de menor escassez destes perfis no mercado. Estes dados evidenciam não apenas as disparidades salariais, mas também a importância de as empresas investirem na requalificação dos seus colaboradores, por forma a preencherem lacunas de talento em áreas emergentes.

Para além das competências técnicas, os recrutadores procuram cada vez mais perfis que combinem a expertise tecnológica com as human skills, como a autonomia, o espírito de equipa, a capacidade de liderança ou a resolução de conflitos. Num setor onde a inovação e dinamismo desempenham um papel crucial, profissionais que aliem o conhecimento técnico a uma abordagem holística e humana, destacam-se como agentes de mudança. Aplicar e desenvolver estas competências, implica assim não identificar apenas o talento certo, mas também criar ecossistemas de trabalho onde estas características possam prosperar.

Se o salário continua a ser um fator determinante para atrair talento, os fringe benefits e o equilíbrio entre vida pessoal e profissional têm vindo a ganhar relevância. A flexibilidade destaca-se como uma prioridade crescente para atrair e reter talento de TI, sendo que os modelos de trabalho remoto ou híbrido deixaram de ser um benefício adicional para se tornarem num requisito essencial. Além de pacotes salariais competitivos, os candidatos de TI valorizam também benefícios como seguros de saúde, planos de bem-estar e oportunidades claras de progressão na carreira. Estes elementos são decisivos para manter os colaboradores motivados e reduzir os índices de rotatividade.

Neste contexto, Portugal apresenta uma vantagem estratégica: a diversidade geográfica. Embora Lisboa, Porto, Braga e Coimbra continuem a ser os principais polos de contratação em Portugal, a procura por qualidade de vida e custos mais baixos está a levar alguns profissionais a considerarem cidades mais pequenas e do interior. Esta descentralização do talento cria novas oportunidades para as empresas que se adaptem a esta realidade, promovendo modelos de trabalho flexíveis e investindo em estratégias que atraiam candidatos para regiões menos saturadas.

À medida que o setor de TI avança, o recrutamento exige um equilíbrio delicado entre inovação tecnológica e valorização humana. Embora a IA represente um avanço significativo na otimização de processos de recrutamento, a verdadeira vantagem competitiva está em criar ligações humanas genuínas e confiança, assegurando que cada contratação seja mais do que eficiente, mas verdadeiramente adequada e estratégica.

Portugal tem uma oportunidade única de posicionar-se como um hub de talento tecnológico, mas isso requer um compromisso coletivo. Investir em formação contínua, promover a mobilidade interna e assegurar condições de trabalho que reflitam as aspirações dos profissionais são passos essenciais para que o setor de TI não apenas prospere, mas também defina padrões de excelência. O verdadeiro sucesso nesta nova era não será definido pelas máquinas que utilizamos, mas pelo talento humano que as transforma em valor.

 

Por: Bernardo Samuel – Specialized Recruitment Director

In: Ntech.news

 

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