À medida que as organizações se preparam para 2025, há um aspeto essencial que não podemos deixar de lado: a criação e manutenção de uma pipeline de talentos sólida e diversificada.
Nos últimos anos, vivemos tempos de grandes desafios, onde a rotatividade na força de trabalho aumentou, impulsionada pela pandemia e pela revolução digital. Mas, em 2024, algo novo surge no horizonte: uma fase de maior estabilidade, a chamada “Great Stay”. A taxa de turnover caiu drasticamente, e os colaboradores, agora mais cautelosos, estão a escolher a estabilidade. Este é o momento certo para agir e preparar as nossas organizações para os próximos passos.
No entanto, queremos mais do que manter a estabilidade. Queremos evoluir, crescer e, acima de tudo, abraçar a mudança. É natural que alguns colaboradores decidam procurar novos desafios. As mudanças nas equipas são parte natural do ciclo de crescimento de uma organização. Estas mudanças também abrem espaço para novas perspetivas e experiências que enriquecem a nossa cultura e fortalecem o nosso espírito de inovação. As novas vozes e formas de trabalhar trazem uma energia renovada, ajudando-nos a adaptar e a evoluir num mundo em constante transformação. Valorizamos profundamente os nossos talentos e o seu contributo, mas reconhecemos que a chegada de novos talentos é uma oportunidade de nos reinventarmos e continuarmos a construir um futuro ainda mais forte. Afinal, é na troca e na renovação que cresce a verdadeira força de uma empresa.
A atual realidade económica, marcada pela alta inflação, taxas de juros elevadas e o aumento do custo de vida, levou as empresas a repensar os seus modelos de negócio. Embora as dificuldades do presente tenham levado muitos colaboradores a procurar mais estabilidade, as empresas têm de estar preparadas para oferecer mais do que apenas segurança financeira. A verdadeira fidelização acontece quando as organizações criam ambientes que respeitam o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional e, ao mesmo tempo, oferecem um espaço de crescimento contínuo. O salário já não é a única prioridade; os colaboradores querem sentir que estão a evoluir, a aprender, a crescer todos os dias.
A flexibilidade, que tantas vezes foi vista como um “extra” no passado, tornou-se agora um must have. Cada vez mais, os colaboradores exigem modelos de trabalho híbridos ou remotos que lhes permitam conciliar as suas responsabilidades pessoais e profissionais. O futuro da força de trabalho é feito de equilíbrio. E as organizações que souberem ouvir e adaptar-se às necessidades dos seus colaboradores, que investirem em programas de desenvolvimento contínuo, serão aquelas que terão a capacidade de fidelizar talentos. Porque hoje, mais do que nunca, as pessoas procuram um propósito. Elas querem saber que estão a investir o seu tempo numa empresa que se preocupa com o seu futuro, não apenas com o seu trabalho imediato.
É fundamental que as empresas criem dentro de si mesmas as oportunidades para que os colaboradores possam evoluir. Muitos deixam as organizações simplesmente porque não encontram espaço para crescer ou explorar novas funções. Mas a solução para esse problema está muitas vezes à nossa porta. Devemos ser mais proativos, definir caminhos claros de mobilidade interna, através de plataformas, programas de mentoria ou outras iniciativas que permitam aos colaboradores explorar novas funções, desenvolver novas competências e continuar a sua trajetória dentro da mesma organização. Os colaboradores querem sentir que estão a caminhar para um futuro dentro da empresa, e isso só é possível quando as empresas criam espaços para o seu desenvolvimento contínuo.
Em resumo, o verdadeiro desafio está em encontrar o equilíbrio perfeito entre fidelizar os nossos melhores talentos e abraçar novas oportunidades que tragam inovação. As organizações que souberem ouvir as necessidades emergentes dos seus colaboradores e se comprometerem com o seu desenvolvimento contínuo terão, sem dúvida, uma vantagem estratégica significativa. Flexibilidade, valorização das soft skills, inclusão de perfis não tradicionais e a criação de oportunidades de mobilidade interna não são apenas palavras, são práticas que transformarão a forma como a organização se posiciona no mercado e se adapta aos tempos futuros. É assim que criamos um futuro mais resiliente, inovador e preparado para os desafios que virão. E é com isso que conseguiremos conquistar os melhores talentos e mantê-los connosco.
Por: Alexandra Andrade, Country Manager da Adecco Portugal
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