Binómio ação-empatia | Alexandra Andrade, CEO Adecco Portugal

12 Abril, 2022

Somos responsáveis perante um conflito que está a movimentar milhões de pessoas que precisam desesperadamente de uma mão estendida em todas as frentes que possam MINIMIZAR o seu sofrimento.

Por uma questão de empatia, porque somos humanos, todos temos responsabilidade perante a onda de migração forçada que está a deslocar ucranianos para todos os países da Europa.

Temos uma casa arrumada para INTEGRAR estas pessoas? A Comissão Europeia EMPL, responsável pela política da UE em matéria de emprego, assuntos sociais, competências e mobilidade dos trabalhadores, está a mobilizar os Estados-Membros para apresentarem propostas de integração relativas ao mercado de trabalho e à proteção social na UE em resposta à guerra na Ucrânia.

A coesão dos países europeus a funcionar formalmente é o desejável, mas a resposta de integração destas pessoas nas sociedades e mercado de trabalho é emergente e não se compadece com hiatos legais que necessariamente não estão ainda consolidados. Essencialmente, no que toca a validação de competências e qualificações, uniformização e catalogação dessa informação seria ingénuo não antecipar que temos um desafio gigante pela frente, que só pode ser mitigado por uma dose generosa de boa-vontade e ação.

Agilidade e mente aberta são requisitos cruciais para uma resposta eficaz enquanto a máquina da integração destas pessoas nos seus países de acolhimento não está bem oleada. Encontrar trabalho e emprego significativo é fundamental para INTEGRAR estas pessoas, garantir a sua estabilidade financeira e dotá-los de capacidade sistémica para iniciar uma nova vida.

É a economia real, Governo e empresas, que terão de CONTRIBUIR ativamente para acolher com dignidade esta comunidade resiliente, derrubando fronteiras linguísticas, culturais, sociais e económicas. Porque há espaço na nossa casa portuguesa para receber estas pessoas, para as integrar numa vida ativa, mesmo sabendo que querem regressar ao seu país.

Se ao Governo compete libertar apoios e agilizar a legalização destes refugiados, às empresas cabe o importante papel de disponibilizar oportunidades de emprego, fomentar a entreajuda e a sua integração nas equipas, facilitando o acesso aos apoios sociais e acompanhamento psicológico.

Mais do que nunca, é o tempo de agir com empatia ao serviço da dignidade e bem-estar de quem acolhemos.

 

Por Alexandra Andrade, CEO Adecco Portugal