Literacia financeira, uma alavanca de independência

Por Tiago Correia | National Account Manager, Adecco Training

São vários, os ciclos económicos que a população viveu ao longo das últimas décadas com claro impacto na estabilidade do seu país e, também, enquanto ser individual presente na sociedade. Todos sabemos que estes ciclos trazem verdadeiras crises económicas e financeiras que poderão levar anos e, a pergunta que se coloca é: dada a incerteza, como poderemos ter uma atitude preventiva face ao futuro? Como gerir eficazmente as poupanças, custos mensais de modo a não implicar com o nosso dia a dia, com o nosso bem-estar?

A literacia financeira é, claramente, um veículo para uma melhor gestão das finanças de cada agente económico, afetando, as decisões com implicações no longo prazo das famílias, como é o caso, por exemplo, da contratação de um crédito à habitação ou da escolha de um plano para a reforma. Não é por acaso que a iliteracia financeira é, infelizmente, um fator que contribui para o empobrecimento dos cidadãos. Por outro lado, quanto mais sustentável for a gestão das nossas vidas financeiras, maior será a capacidade de gerir os embates e os momentos mais negativos. Perceber onde se está financeiramente, ter um orçamento equilibrado e poupar para as emergências é fundamental, até porque os imprevistos, podem surgir a qualquer momento. Não foi assim há tanto tempo que a realidade nos mostrou a importância de estarmos informados e de sermos responsáveis financeiramente, enquanto particulares, empresas e Estado, se nos lembrarmos do que foram os difíceis anos da crise financeira e da crise da dívida soberana. Seguiu-se a pandemia e agora uma nova crise, desencadeada pela invasão da Ucrânia e que está a fazer disparar a inflação por todo o mundo.

Num contexto económico-social marcado pela crise orçamental, e por várias dificuldades que os portugueses têm vindo a enfrentar nos últimos anos, ganha cada vez maior relevância a literacia financeira. Nos dias de hoje, os portugueses, apesar dos salários baixos, também agravam a sua situação financeira fruto de diversas más decisões: investimentos de risco, baixos níveis poupança ou de criação de PPR’s e uma elevada fé em jogos da sorte. Por estas mesma razão, é relevante que as pessoas se sintam motivadas a procurar mais sobre o assunto e também aumentarem o seu conhecimento e interesse relativo ao tema.

Afinal de que se trata literacia financeira? A educação financeira é o conjunto de competências relacionadas com a forma como lidamos com as finanças no nosso dia a dia. Trata-se da educação e compreensão de várias questões relacionadas com o dinheiro como a sua gestão, consumo consciente, sistema bancário, poupança e investimentos.

É um engano, quem pensa que apenas serve para saber negociar melhor com clientes, instituições financeiras, em família ou interpretar notícias relacionadas com economia. O seu capital é da sua inteira responsabilidade e, nada melhor, do que ter o conhecimento suficiente para o poder gerir. Quando falamos em literacia financeira estamos na verdade a falar de uma competência básica e fundamental que deve procurar desenvolver e estimular para gerir eficazmente as finanças pessoais. Trata-se, na realidade, de uma competência que faz de si um indivíduo financeiramente mais independente.

Tornou-se consensual, que a educação é um fator transversal crítico para o sucesso em várias áreas da nossa vida. Nesse sentido a educação financeira deveria ser uma encarada como uma prioridade, onde, fazer escolhas financeiras e económicas mais acertadas, está ao alcance de todos. Dominar a gestão do seu próprio dinheiro e procurar ter o máximo possível de respostas para os desafios financeiros na ponta da língua é o primeiro passo a dar. Afinal…quer uma dor de cabeça…ou uma alavanca para a vida?

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