A Inteligência artificial (IA) é uma realidade e ninguém pode negar. A IA em geral, e a IA generativa (GenAI) em particular, são ferramentas poderosas para automatizar tarefas de rotina e melhorar a eficiência em várias indústrias. No entanto, não há dúvida de que o fator humano continuará a ser essencial no ambiente de trabalho para gerar valor.
As competências pessoais como inteligência emocional, empatia e a capacidade de interagir com outras pessoas são únicas e necessárias, e difíceis – ou impossíveis – para qualquer IA replicar. Contudo, no contexto profissional, a IA ocupa um lugar preponderante automatizando tarefas mais rotineiras e deixando que os profissionais se dediquem a competências que requerem humanização. Assim, seguramente podemos afirmar que a inteligência artificial e as soft skills devem trabalhar lado a lado.
É tempo de apostar na formação adequada para garantir a eficácia da IA a partir de uma utilização responsável da mesma. É imperativo que a empresa lidere este processo de adoção com o compromisso de garantir que todas as equipas (Geração Z, talento sénior, etc.) recebem igual acesso a estas ferramentas e aos seus benefícios. Esta é a única maneira de garantir que preparamos as pessoas para o sucesso na adoção da IA.
Com o aparecimento desta nova ferramenta a GenAI, surgiram outros desafios, um deles o “medo”. A mudança e a inovação tecnológica criam receios e inseguranças e, naturalmente, ansiedades em alguns trabalhadores, que não têm ou não se sentem preparados para assumir esta ferramenta como uma ajuda para o desenvolvimento das suas tarefas. É neste campo que os recursos humanos podem fazer diferença ao disponibilizar formações adequadas e upskillings adaptados a cada setor. As lideranças devem optar por uma comunicação próxima e inclusiva, acompanhando estes processos de perto. Até porque também eles precisam de formação. Assim, o gap entre os que utilizam a GenAI e os que ainda não o fazem pode ser mais facilmente colmatado.
No recente estudo que o Grupo Adecco lançou o Global workforce of the Future, onde foram inquiridos 30.000 trabalhadores em 23 países, podemos verificar que apesar de estarmos perante uma mudança equitativa no modus operandi das funções, 62% dos trabalhadores acreditam que AI irá ter um impacto positivo no seu trabalho, contrariamente aos 24% que receiam que este impacto seja negativo.
Há claramente setores mais propensos à utilização da AI, nomeadamente tecnologia, ciências e e-commerce em contraste com os trabalhadores da área dos transportes, da saúde e da indústria transformadora, que pelas suas funções não têm oportunidade de usar estas ferramentas nas suas tarefas rotineiras. É neste contexto que falamos na importância da aplicação de formações adequadas, de forma que, quando a GenAI chegar em força a todos os postos de trabalho, todos consigam e percebam adequadamente como a utilizar em benefício da empresa e da sua própria evolução.
De forma global 58% dos inquiridos assumem que as competências de AI são importantes para o seu desenvolvimento e para obter maiores oportunidades de carreira.
Curioso é também verificar no próprio estudo que os trabalhadores da defesa, saúde e mesmo legal, referem não receber, por parte das suas empresas, formações nesta área, contrariamente aos setores financeiros e tecnológicos que recebem por norma, mais formação e acompanhamento.
No entanto e como já anteriormente referenciado as competências humanas têm um papel fundamental e preponderante em todas as atividades profissionais, tal como está presente no estudo, onde 61% dos trabalhadores inquiridos acham que a sensibilidade humana, no seio profissional, é essencial para se unir à inteligência artificial.
A IA pode ajudar-nos a fundamentar decisões, mas a escolha final é sempre humana, consciente e com base em valores desenvolvidos dentro das organizações.
Por: Alexandra Andrade, Country Manager da Adecco Portugal
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