A oferta de benefícios ajustados às necessidades de cada pessoa é fundamental para reter talento nas empresas. Mais fácil de dizer do que fazer, mas as organizações começam a trilhar esse caminho. Sem prejuízo de quebrar a equidade entre colaboradores, este é o maior desafio que as empresas enfrentam num contexto de pleno emprego onde a escassez de talento é o maior obstáculo a ultrapassar no mundo do trabalho pós-pandemia. Esta é uma das conclusões da Webtalk Adecco Portugal: ‘Softpower na retenção de talento’, que reuniu responsáveis da Adecco, Grupo Ageas e Majorel. Saiba, em síntese, para onde o mundo do trabalho caminha em Portugal.
Num momento em que tanto se fala de escassez de talento, que estratégias estão a desenvolver as empresas para cativar e ‘recrutar’ todos os dias na companhia o seu talento? Diz-se que o salário financeiro atrai, mas que o salário emocional retém os profissionais nas empresas.
Este foi o mote que reuniu na sede da Adecco, em Lisboa, Alexandra Andrade, Country manager da Adecco Portugal, Hugo Rodrigues, Multilingual HR sites Director da Majorel, e Marta Melo, Head of recruitment do Grupo Ageas Portugal, com a moderação Ana Marcela, Diretora executiva da Pessoas.
A oferta de flexibilidade, tanto no regime de horários como de trabalho presencial/remoto ou híbrido é, indiscutivelmente, um dos fatores mais relevantes na atração e retenção de talento, nas áreas onde tal é possível. Mas há muito mais. Nos modelos de trabalho pós-pandemia, diversidade e inclusão traduzidos num pacote de benefícios ajustados às necessidades de cada pessoa é um dos maiores desafios que as organizações enfrentam.
“Temos a missão mais bonita do mundo, que é recrutar pessoas, mas também a mais difícil num contexto de escassez de talento”, afirma Alexandra Andrade. Uma missão que hoje assume novos contornos, porque não se trata apenas de encontrar as pessoas com as competências certas para o lugar certo: “Na Adecco, queremos unir pessoas e organizações alinhadas com o mesmo propósito, só assim podemos caminhar para retenção do talento nas organizações”.
Na prática do recrutamento de talento nas organizações, como se traduz este lema para a Country Manager da Adecco Portugal? “No ajuste de um pacote de benefícios que são mais valorizados tanto na ótica da atração como da retenção de talento, onde entra a componente emocional da gestão de Pessoas e a perceção da individualidade/diversidade. Não é razoável oferecer viatura e um lugar de garagem para uma pessoa que valoriza a sustentabilidade e que vai para o trabalho de bicicleta, tal como oferecer apoio à infância ou cheques-cresce a quem não tem filhos”. Alexandra Andrade resume: “É completamente verdade que as empresas têm de caminhar para um modelo de oferta de benefícios onde ‘one size does not fit all’: o verdadeiro deal breaker vai muito para além do salário financeiro. É olhar para o indivíduo, detetar as suas necessidades específicas e criar um conjunto de benefícios orientado para a pessoa”.
O que estão as empresas a implementar para atrair e reter talento?
Quer a Majorel quer o Grupo Ageas estão alinhados com esta postura. Para além do que consideram “óbvio” – o reconhecimento dos seus colaboradores –, traduzido seja no envio de e-mails a agradecer o empenho dos colaboradores, um telefonema, envio de cabazes de Natal, New born kit, ou outras práticas congéneres que fizeram questão de acionar durante a pandemia, há outros desafios que se enfrentam agora. Os benefícios extra ao salário financeiros pesam cada vez mais na atração e retenção de pessoas.
Hugo Rodrigues está essencialmente preocupado em que os benefícios de bem-estar deem resposta aos colaboradores expatriados: com 82 nacionalidades em Portugal, a Majorel apostou no Programa Feel Good – Body, Mind, Soul & Support. Ainda em regime de teletrabalho, a Majorel joga as suas ‘cartas’ de apoio aos colaboradores neste programa com linhas de apoio 24h/7 dias, acreditando que é um uma iniciativa “que faz as pessoas sentirem-se valorizadas dentro da própria organização”.
“Somos uma empresa profundamente enraizada na meritocracia e que damos perspetivas de carreira a quem está connosco: promovemos o bem-estar, um ambiente de trabalho saudável e queremos pessoas felizes a trabalhar connosco, só temos a ganhar e temos uma atenção constante à satisfação das pessoas através dos ‘Feel good investors’, porta-vozes das equipas que nos alertam para o que é necessário aferir para o bem-estar das pessoas”, conta o responsável da Majorel. Assumindo que o reconhecimento efetivo das pessoas é de enorme relevância, assume que são contextos de trabalho apelativos que ajudam a reter talento: “Se fosse uma questão de salário financeiro, a questão era simples, pagava-se mais. Mas a nossa experiência é que um salário competitivo associado a uma oferta de condições de perspetivas de carreira, apoio e suporte ao bem-estar das pessoas é que é a chave da retenção.”
Já o Grupo Ageas está de regresso ao escritório num modelo de trabalho híbrido. O desafio agora é migrar os planos de bem-estar implementados durante a pandemia para este novo modelo. Marta Melo fala do ‘Ageas Saudável’, disponibilizado aos 1200 colaboradores do Grupo, com adesão voluntária: “É um plano assente em quatro pilares: saúde geral, física, mental. Inicialmente foi implementado de forma absolutamente virtual, incluindo várias vertentes, como consultas de Psicologia, sessões de Mindfulness, aulas de Ioga,Cross fit… só para exemplificar algumas das ações implementadas. Estamos agora a adaptar este programa ao modelo híbrido garantindo que esta prática se mantém e o novo edifício vai-se proporcionar para outro tipo de ações de iniciativas de bem-estar para os colaboradores”.
Marta Melo acredita que o caminho de uma empresa que quer atrair e fixar talento é o foco no bem-estar que a empresa pode proporcionar: “que ações posso promover para garantir o engagment dessas pessoas e reter talento? É na resposta a esta questão que o Grupo se foca.”